Santa Cruz avança na criação da SAF e foca em superar impasses da Recuperação Judicial

Após aprovação do Conselho Deliberativo, proposta será votada pelos sócios em 30 de novembro; grupo Cobra Coral busca viabilizar empréstimo-ponte para iniciar pagamentos a credores.

Iran Barbosa, um dos representantes da Cobra Coral Participaçõe - Foto: Rafael Vieira

O Conselho Deliberativo do Santa Cruz aprovou, na última semana, o encaminhamento da proposta de criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), apresentada pelo grupo Cobra Coral Participações. Com a primeira etapa institucional concluída, o clube agora direciona esforços para resolver a situação mais delicada: o processo de Recuperação Judicial (RJ), que ainda afeta a saúde financeira tricolor.

A proposta segue agora para apreciação dos sócios em Assembleia Geral Extraordinária (AGE), marcada para o dia 30 de novembro. Paralelamente, o grupo investidor concentra as atenções na viabilização do chamado DIP (Debtor-in-Possession financing), um empréstimo-ponte que permitirá ao Santa Cruz iniciar as negociações com credores e quitar parte das dívidas previstas no plano de recuperação.

Segundo Iran Barbosa, representante da Cobra Coral Participações, o DIP depende apenas da autorização judicial para ser liberado. “A nossa principal obrigação agora é o DIP. Falta apenas um documento para que o juiz da RJ autorize, e aí poderemos injetar recursos no clube para iniciar o pagamento aos credores”, afirmou, em entrevista ao podcast 03 de fevereiro.

Para o empresário, o processo de Recuperação Judicial ainda é o principal obstáculo ao avanço institucional e esportivo do Santa Cruz. Ele destacou que a situação tem afastado potenciais patrocinadores e investidores por causa da insegurança jurídica. “Eu não consigo contar quantos patrocinadores desistiram por causa da RJ. É um processo complexo e arriscado”, relatou.

Apesar das dificuldades, o grupo responsável pela SAF acredita que o clube já apresenta sinais de melhora. O momento é visto como uma fase de transição após o risco de colapso financeiro enfrentado no meio do ano. “Hoje o Santa Cruz já respira por conta própria. Ainda está na UTI, mas não mais por aparelhos”, comparou Iran Barbosa.

Com a SAF em processo de implementação e o avanço nas negociações judiciais, o Santa Cruz começa a vislumbrar um novo ciclo. A meta é estabilizar a estrutura administrativa e financeira fora das quatro linhas, para que os resultados dessa reconstrução também apareçam dentro de campo nos próximos anos.